segunda-feira, 23 de maio de 2011

Vícios - Adrenalina

Muitos dos vícios que se têm são derivados do vício da adrenalina. Fuma-se pela rebeldia; bebe-se pela competição; mata-se pela sensação de poder e superioridade; rouba-se pela sensação de liberdade, pela independência, pelo rush.
Porém, perante a possibilidade de evitar esses “agentes intermédios”, procura-se adrenalina pura, recorrendo-se à prática de desportos radicais.
«A boca seca, as pupilas dilatadas, a pele pálida, o coração célere, os pêlos eriçados, o estômago contraído. Em seguida, o alívio, a satisfação, o prazer. Estas emoções típicas das situações de alto risco encantam e atraem um número cada vez maior de adeptos em todo o mundo. Alguns mergulham no meio de tubarões; outros preferem andar de montanha-russa, vencer correntes em botes de borracha ou subir e descer encostas irregulares. Cada vez mais, pessoas de todas as idades procuram praticar snowboard, esqui, pára-quedismo, alpinismo, motocross, mergulho, bungee jumping …», todas com o mesmo objectivo: a adrenalina.
«Nada se compara ao prazer de ver as janelas a passar, o chão a crescer mesmo à frente. É a adrenalina, a emoção, o vento, tudo isso misturado», explica um viciado em adrenalina que já se propôs a mais de 700 saltos de base jump, um dos desportos com mais risco de morte.
Quem se propõe a estes desportos tem plena consciência do risco a que se compromete – tudo o que implicar alturas e não tiver a segurança devida, acaba em morte; o que implica altas velocidades e descurar o controlo, “com sorte”, aluga uma cadeira de rodas.
Porém, a descarga de energia sobrepõe-se ao perigo.
Quando a pessoa se prepara para a aventura, ocorre uma descarga de adrenalina preparando o corpo para duas reacções “inatas”: a fuga e a luta. É esta descarga que provoca a boca seca, o aumento da frequência cardíaca, a dilatação das pupilas e a distribuição do fluxo sanguíneo.
Durante a actividade, acciona-se a endorfina, um mediador químico, que amortece a dor e o desconforto provocados por eventuais lesões, pelo que muitas vezes só se dá por elas depois de nos termos acalmado, quando a actividade acaba.
Por fim, a dopamina vem actuar no centro de prazer do sistema nervoso, sendo responsável pela sensação de satisfação no final da prova.
É esta última substância que, se insuficiente, provoca no corpo a necessidade de actividades radicais para que se liberte mais dopamina e assim, possa ser satisfeita esta carência.
Assim, procura-se quebrar a monotonia e o “comum”; procura-se a sensação de prazer, liberdade, a coragem, a independência, o “ser radical”, o “estar vivo”.

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